Candlemas ou
Imbolc
Também conhecido como Imbolc, Oimelc e
Dia da Senhora, Candlemas é o Festival do Fogo que celebra a chegada da
Primavera. O aspecto invocado da Deusa nesse Sabbath é o de Brígida, a deusa
celta do fogo, da sabedoria, da poesia e das fontes sagradas. Ela também é
deidade associada à profecia, à divinação e à cura. Esse Sabbath representa também os novos começos e o crescimento
individual, sendo o "afastamento do antigo" simbolizado pela
varredura do círculo com uma vassoura, ou vassoura da bruxa, tradicionalmente
realizado pela Alta Sacerdotiza do Coven, que usa uma brilhante coroa de 13
velas no topo de sua cabeça. Na Europa, o Sabbath Candlemas
era celebrado nos tempos antigos com uma procissão à luz de archotes para
purificar e fertilizar os campos antes da estação do plantio das sementes e
para glorificar as várias deidades e os espíritos associados a esse aspecto,
agradecendo-lhes. A versão cristianizada da procissão de
Candlemas honra a Virgem Maria e, no México, ela corresponde ao Ano Novo
Asteca.
Imbolc
é imbolg (pronunciado “immol’g’, com uma vogal leve àtona entre o ‘l’ e o ‘g’)
que significa ‘no ventre’. Isto é o reavivamento do ano, os primeiros
movimentos fetais da Primavera no útero da Mãe Terra. Como todos os Grandes
Sabás Celtas, este é um festival de fogo – mas aqui a ênfase é sobre a luz mais
do que sobre o calor, a centelha de luz fortalecedora que começa à trespassar a
obscuridade do Inverno. A Lua é a luz-símbolo da Deusa, e a Lua acima de tudo
se relaciona com seu tríplice aspecto de Donzela, Mãe e Anciã (Encantamento,
Amadurecimento e Sabedoria). A luz lunar é particularmente aquela da
inspiração. Então é adequado que o Imbolg deva ser a festa de Brigid (Brid,
Brigante) a radiante tríplice Deusa- Musa ,que é também a portadora da
fertilidade; pois no Imbolg, quando os primeiros trompetes da Primavera podem
ser ouvidos à distância, o espírito é avivado tanto quanto o corpo e a Terra. Brigid (que também deu seu nome à Brigantia,
o reino Celta no todo do Norte da Inglaterra sobre a linha de Wash até
Staffordshire) é um exemplo clássico de uma divindade pagã cristianizada com
pouca tentativa de ocultar o fato – ou como Frazer coloca em O Ramo Dourado
(pag.177), ela é “uma antiga deusa pagã da fertilidade, disfarçada em um manto
cristão puído”. O Dia de Santa Brígida, Lá Fhéile Bríd (pronunciado
aproximadamente ‘law ella breed’) na Irlanda, é em 1 de Fevereiro, a véspera do
Imbolg.
A Santa Brígida
histórica viveu cerca de 453-523 AD; mas suas lendas, características e lugares
santos são aqueles da Deusa Brid, e os costumes folclóricos do Dia de Santa
Brígida nas terras Celtas são evidentementes pré-cristãos. É significativo que
Brigid seja conhecida como “a Maria do Gael”, pois como Maria ela transcende os
dados biográficos humanos para atender ao ‘anseio pela forma-de-Deusa’ dos
homens. A tradição, incidentalmente, diz que Santa Brígida foi trazida por um
feiticeiro e que ela tinha o poder de multiplicar comida e bebida para
alimentar os necessitados - incluindo a deliciosa habilidade de transformar a
sua água de banho em
cerveja. A
confecção das Cruzes de Santa Brígida de junco ou palha (e elas ainda são
amplamente confeccionadas na Irlanda, tanto em casa como para as lojas de
artesanato) ”é provavelmente derivada de uma antiga cerimônia pré-cristã
relacionada à preparação das sementes para o cultivo na Primavera” (The Irish
Times, de 1 de Fevereiro de 1977). Na Escócia, na véspera do Dia de Santa
Brígida, as mulheres da casa confeccionavam um fardo de aveia no molde de roupa
de mulher e o depositavam num cesto chamado ‘cama de Brigid’, lado a lado com
um bastão de forma fálica. Elas então chamariam três vezes: “Brid chegou, Brid
é bemvinda!” e deixariam velas queimando próximas à ‘cama’ por toda a noite.
Caso as impressões em relevo do bastão fossem encontradas nas cinzas do chão da
lareira pela manhã, o ano seria frutífero e próspero. O antigo significado é
claro: com o uso de símbolos apropriados, as mulheres da casa preparam um lugar
para a Deusa e a recepcionam cordialmente, e convidam o Deus fertilizador para
vir e a impregnar. Elas então se retirariam discretamente – e, quando a noite
acabasse, retornariam para buscar por um sinal da visita do Deus (sua pegada próxima
ao fogo da Deusa da Luz?). Se o sinal ali estiver, sua invocação terá sido bem
sucedida, e o ano estará grávido da esperada doação. Na Irlanda, esta terra de
poços mágicos (são listados mais de três mil poços santos irlandeses), há
provavelmente mais poços de Brigid do que mesmo os de São Patrício - o que é
dificilmente surpreendente, porque a senhora estava aqui primeiro há
incontáveis séculos. Existe um tobar Bhríd (Poço de Brigid) quase uma milha de
nossa primeira casa irlandesa, próximo a Ferns em County Wexford , num
campo de fazenda na vizinhança; é uma fonte muito antiga, e sabe-se que a
localidade foi sagrada para Brigid por bem uns mil anos, e sem dúvida por um
tempo muito longo antes daquilo. O fazendeiro (lamentavelmente, por ele ser
sensível à tradição) teve que tapar o poço com uma pedra porque ele se tornou
um perigo para as crianças. Mas ele nos disse que sempre havia pedaços de
tecido sendo vistos amarrados à arbustos próximos, postos ali secretamente por
pessoas que invocavam a ajuda de Brid como eles assim tem feito por tempos
imemoriais; e nós podemos, literalmente, ainda sentir o poder do lugar ao
colocar nossas mãos sobre a pedra.
Na antiga Roma, Fevereiro era tempo de purificação – Februarius mensis, ‘o mês da purificação ritual’. Em seu início vinha a Lupercalia, quando os Luperci, os sacerdotes de Pan corriam através das ruas nus exceto por faixas de pele de bode, portando também tiras de pele de bode em suas mãos. Com estas eles atacavam todo mundo que passava, e em particular mulheres casadas, as quais se acreditava seriam tornadas férteis deste modo. Esse ritual era popular como também aristocrático (está registrado que Marco Antônio teria desempenhado o papel de Lupercus) e sobreviveu por séculos dentro da era cristã. As mulheres desenvolveram o hábito de se despirem também, para permitir aos Luperci mais raio de ação. O Papa Gelasius I, que reinou entre 492-6 AD, baniu este ritual animadamente escandaloso e enfrentou tamanho tumulto que teve que pedir desculpas. Ele foi finalmente abolido no início do século seguinte. Lupercalia à parte, a tradição da purificação de Fevereiro continuou forte. Doreen Valiente diz
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