domingo, 15 de janeiro de 2012

CELTAS

Há cerca de três mil anos, emergiu na Europa central uma civilização indo-europeia que chegou a dominar o norte do continente. Possuidora de uma cultura avançada, a estrutura de sua sociedade belicosa, aliada a sua capacidade de produzir bem feitas armas de metal, fez dela uma força a ser considerada. Os mercadores gregos que primeiro os encontraram no séc. VI a. C. chamaram-nos keltoi ou galatai. Hoje os conhecemos como celtas ou gálatas.

Os celtas têm sido descritos de diversas formas: como "conquistadores da Europa" ou, de forma menos lisonjeira, como "os bárbaros da Europa". Certamente, foram eles os primeiros europeus setentrionais organizados o bastante para ser marcados como uma civilização. No ápice de seu poder durante o séc. II a. C., o mundo céltico estendia-se da Turquia à Irlanda e da Espanha à Alemanha. Outras povoações célticas têm sido localizadas até na Ucrânia. 

Povos célticos habitaram as margens de grandes rios da Europa; o Danúbio, o Reno, o Rone, o Pó, o Tâmisa, o Sena e o Loire. Em consequência, esses povos estabeleceram ligações comerciais com seus vizinhos no Mediterrâneo e mercadorias do Oriente Médio têm sido descobertas em áreas de sepultamento célticas na França e Alemanha modernas. Todo o continente europeu ao norte dos Alpes estava unido em uma frouxa confederação de tribos que compartilhavam de uma cultura céltica comum.

Muito do que sabemos sobre os celtas vem de relatos de romanos e gregos, bem como de pistas arqueológicas que os celtas deixaram para trás. Para as civilizações do Mediterrâneo Clássico, os celtas eram um povo a ser temido e exércitos célticos irromperam na Itália, na Grécia e na Espanha antes de os romanos poderem contê-los. Guerreiros célticos foram recrutados para servir nos exércitos dos inimigos de Roma e tornaram-se os inimigos mais implacáveis de Roma.

Os celtas eram uma aristocracia guerreira e a destreza militar era considerada uma das virtudes mais fortes de um governante céltico. Eram também impetuosos e sua avidez por encontrar o inimigo em combate mostrou-se uma fraqueza que os romanos exploraram ao máximo. A civilização céltica na Europa continental foi praticamente...

... extinta em uma só década quando Iulius Caesar invadiu a Gallia em meados do séc. I a. C. O único grupo restante de povos célticos estava na Britannia e um século mais tarde os romanos iniciaram a conquista desse último bastião céltico. Os romanos foram seguidos pelos conquistadores germânicos e, por volta do séc. X, os celtas estavam reduzidos a uma sombra de sua antiga glória. A partir dessa época, o mundo céltico abrangia somente um pequeno número de nações pequenas e pobres, agarrada às margens atlânticas do continente europeu.

Os celtas eram considerados um dos maiores povos artísticos do mundo antigo e do primeiro período medieval. Deixaram um legado artístico em artefatos metálicos, muitos dos quais vistos como alguns dos mais belos jamais produzidos. Eles possuíam uma inclinação e vibração artísticas que sobreviveram aos séculos. Quando os celtas se converteram ao cristianismo, essa capacidade artística foi canalizada para a produção de requintados objetos devocionais, incluindo manuscritos iluminados que ainda surpreendem o público com suas cores e beleza complexa. 

Acima de tudo, os celtas são lembrados por sua enigmática assinatura artística: complexos padrões entrelaçados e decoração espiralante que embelezaram os esforços artísticos dos celtas por mais de mil anos.
Através desse legado artístico e também por meio dos mitos e lendas escritos por escribas célticos tardios podemos compreender um pouco do mundo desse povo céltico; como viviam, a quem adoravam, como pensavam, como lutavam e como celebravam a vida. Sua civilização alcançou a maior parte da Europa em algum ponto de sua história e permanece como uma das mais enigmáticas e mal compreendidas entre todas as grandes culturas do mundo. Esteja pronto para cair sob o encanto dos celtas ao viajar por seu rico e colorido mundo.

Fonte: Konstam, Angus. Historical Atlas of the Celtic World. Mercury Books, London, 2003. ISBN 1-904668-01-1.
Tradução: Bellovesos
Jornal O Bruxo Pernambuco

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