ISHTAR
– A Rainha do Céu
Amplamente
cultuada na antiguidade, conhecida sob vários nomes e títulos em diferentes
países, Ishtar era uma deusa lunar, uma das manifestações de Magna Dea, a
Grande Mãe do Oriente e uma versão mais tardia e complexa da deusa suméria
Inanna. Foi venerada como Astarte em Canaã, Star na Mesopotâmia, Astar e Star
na Arábia, Estar na Abissínia, Stargatis na Síria, Astarte na Grécia. No Egito
sua equivalente era Ísis, cujo culto espalhou-se até a Grécia e Roma,
florescendo até os primeiros séculos da era cristã.
Ishtar
personificava a força criadora e destruidora da vida, representada pelas fases
da Lua, crescente e a cheia que favorecem o desenvolvimento e a expansão, a
minguante e a negra que enfraquecem e finalizam os ciclos anteriores. Como
Deusa da fertilidade ela dava o poder de reprodução e crescimento aos campos,
aos animais e aos seres humanos. Foi nesta qualidade que se tornou a Deusa do
Amor, que teria descido do planeta Vênus, acompanhada de seu séqüito de
sacerdotisas Ishtaritu que ensinaram aos homens a sublime arte do êxtase:
sensorial e espiritual.
Como rainha do
céu era a regente das estrelas, pois ela mesma tinha vindo de uma estrela que
brilhava no amanhecer e no entardecer e era o ponto central de seu culto. As
constelações zodiacais eram conhecidas pelos antigos como o “cinturão de
Ishtar” e era ela quem percorria o céu todas as noites em uma carruagem puxada
por leões, controlando o movimento dos astros e as mudanças do tempo. Muitos
eram os títulos que lhe foram atribuídos – “Mãe dos Deuses, A Brilhante,
Criadora da Vida, Condutora da Humanidade, Guardiã das Leis e da Ordem, Luz do
Céu, Senhora da Luta e da Vitória, Produtora de Sementes, Senhora das
Montanhas, Rainha da Terra”.
As suas
representações a mostram como a mãe que segura os seios fartos, a virgem
guerreira, a insinuante sedutora, a sábia conselheira, a juíza imparcial. Mas
Ishtar tinha também um aspecto escuro, que surgia quando ela descia ao mundo
subterrâneo e uma época de terrível depressão e desespero caia sobre a terra.
Na sua ausência, nada podia ser concebido, nenhum ser podia procriar, a
Natureza inteira mergulhava na inércia e inação, chorando por sua volta. Era
então chamada de “Mãe Terrível, Deusa da Tempestade e da Guerra, Destruidora da
vida, Senhora dos Terrores Noturnos e dos Medos”. Porém, era nessa manifestação
que ela podia ensinar os mistérios, revelar as coisas ocultas, propiciar
presságios e sonhos, permitir o uso da magia, o alcance da sabedoria e a
compreensão dos ciclos da vida e da natureza.
Em suas formas
variadas e mutantes Ishtar desempenha as múltiplas possibilidades da essência
feminina, sendo a personificação do princípio feminino – seja o da natureza
Yin, seja o da anima. Nas celebrações de lua cheia dedicada ao seu culto
(chamadas Shapattu) as mulheres da Babilônia, Suméria, Anatólia, Mesopotâmia e
Levante levavam oferendas de velas, flores, perfumes, mel e vinho para seus
templos, cantavam-lhe hinos, dançavam em sua homenagem e invocavam suas bênçãos
para suas vidas, suas famílias e sua comunidade.
Texto: Mirella Faur
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